A alternância de poder é tida como uma das principais características das “democracias” ocidentais. Trata-se de um verdadeiro pressuposto ao adjetivo. Não interessa se Merkel está à frente da Alemanha desde 2005 ou se Netanyahu lidere Israel desde 2009. São exceções aceitas pelo mundo ocidental. Também é necessário ignorar o caso da Arábia Saudita para simplificar. O importante ao argumento é que entre as principais críticas à países como Bolívia, China, Irã, Rússia e Venezuela está a ausência de alternância de poder. Um simplificação grosseira sobre a forma de representação e legitimidade política das citadas nações.
O poder está no marco econômico e político!
Ao falar em alternância de poder é fundamental realçar sua mais importante dimensão. A econômica.
Há quem diga ditaduras econômicas esvaziam as políticas.
Brasil tem adotado o mesmo receituário em sua gestão econômica há mais de 20 anos. Passaram os tucanos, os petistas, Temer atravessou a ponte em direção ao futuro, e agora, Guedes está tentando vender “essa porra logo”. São “tripé macroeconômico”, baixíssimas taxas de investimento, passando por variações cambiais avessas ao setor industrial; tudo associado à juros estratosféricos. Permitiu-se a mudança dos atores políticos sob garantia da manutenção da ditadura econômica. Vale lembrar a existência de contratos. Lembrem-se da “Carta aos Brasileiros” e da “Ponte para o Futuro”. Fernando Henrique Cardoso tinha muita liquidez no mercado e não precisou assinar nada. O acordo, nesse caso, foi “na base da confiança”.
A ditadura se estende também aos meios de comunicação. Com a mídia extremamente oligopolizada, veta-se atores que propõem algo distinto dos pressupostos defendidos pelos amigos do regime. Calam dissensos. Os debates ocorrem sob pactos consensuais. Certames de “uma única voz”.
O paroxismo do autoritarismo foi a blindagem do Banco Central com sua autonomia.
O que dizer de um país que ameaça de forma tão crítica os princípios da liberdade?
Abaixo a ditadura!